Quem contrata uma empregada doméstica sempre tem uma lista de exigências. Precisa ser confiável, pontual, organizada, responsável, competente etc. Mas será que esses patrões também são exigentes consigo mesmos? E as empregadas? Será que cumprem o combinado? Essa relação profissional que se estabelece dentro de uma casa não é nada fácil... O primeiro passo para um convívio pacífico é discutir todos os detalhes. É necessário ficar clara a conduta de cada um para evitar conflitos. Estabelecer as regras, as tarefas a serem exercidas e as obrigações de cada lado.
“A entrevista é o melhor momento para as partes terem a exata noção de direitos e deveres de cada um. Temas e questões sensíveis como carga horária, uso do telefone (tanto o celular quanto o fixo), danos materiais causados pela empregada doméstica, religião, folgas e aumentos salariais podem e devem ser discutidos com clareza”, afirma Gláucio Costa, diretor da Agência Central de Empregos, que seleciona trabalhadores domésticos em São Paulo (SP).
Questões para lidar
No dia a dia, nem sempre o que é combinado na entrevista de emprego é cumprido pelos patrões e pelas empregadas. Não realizar as tarefas domésticas de acordo com as orientações dos contratantes e estender a jornada de trabalho previamente combinada com a funcionária são alguns fatores que acabam em desentendimentos.
“Hoje em dia, os patrões querem que a empregada doméstica faça todo o serviço da casa em um dia só: lave, passe, cozinhe, limpe e cuide das crianças. Fazer isso tudo em oito horas é quase impossível”, explica a ex-empregada doméstica Carmela Pereira, de Piracicaba (SP), que é autora do livro “Manual da Empregada Doméstica” (Ed. Loyola) e artista plástica. “Por falta de tempo, as funcionárias acabam não fazendo o serviço completo e bem feito.”
Para resolver esses problemas de forma consensual, Carmela sugere: “Acho que patrão e empregada devem fazer juntos um planejamento semanal, especificando os dias da semana para lavar, passar roupas, limpar vidros etc. Assim, no final da semana, o serviço estará completo.”
"O primeiro passo para evitar conflitos é agir com profissionalismo. Deixe claro para a empregada quem irá orientá-la, pois acontecem muitos conflitos em casas nas quais todo mundo manda”, explica Dacruz Nery, de Brasília (DF), que após trabalhar durante anos como empregada doméstica, tornou-se proprietária da empresa DN Service, que presta serviços de limpeza e organização de casas para solteiros, e é autora do livro “O que Toda Empregada Doméstica Deve Saber” (Ed. Senac Distrito Federal).
E o que fazer quando o patrão pede algo que não estava previsto, como cuidar dos animais ou ficar até mais tarde, e a empregada não acha isso correto? “Ao contrário do empregado de uma grande empresa, a doméstica relaciona-se diretamente com a 'suprema corte', que é o seu patrão. Portanto, recomendo que, sem abrir mão de seus direitos, mas com tranquilidade, discrição e educação, mostre os motivos de sua insatisfação. Devemos considerar que alguns abusos, frequentemente praticados, têm fundo cultural, não havendo por parte dos patrões a intenção de desrespeitar a funcionária”, explica Gláucio Costa.
PRINCIPAIS RECLAMAÇÕES:
Queixas frequentes de contratantes e funcionárias*:
Principais reclamações dos contratantes:
Má formação técnica (incompatível com a exigência salarial)
Pouco apego ao trabalho (abandonam o emprego ao receber uma proposta)
Dificuldade em trabalhar com planejamento e rotinas
Resistência às ordens e orientações
Excesso de faltas e atrasos
Pouco interesse em fazer cursos de aperfeiçoamento
Resistência ao uso de uniformes
Dificuldades para transmitir recados
Pouco domínio das atividades (como lavar, passar, limpar e cozinhar)
Falar demais ao telefone
Demonstrar forte envolvimento com religiões e tentar convencer outros funcionários a aderir (da casa ou da vizinhança)
Principais reclamações das empregadas domésticas:
Patrões que não compreendem que a empregada pode ficar doente
Patrões que servem comida diferente à empregada
Ser sempre suspeita de qualquer sumiço
Acúmulo de funções, como cuidar de crianças ou animais
Falta de respeito à jornada de trabalho
Desrespeito aos horários de descanso combinados
Dificuldade para receber por horas extras e gozar férias
Trabalhar informalmente (sem registro em carteira)
Terem bolsas revistadas e trabalhar vigiadas por câmeras
Dificuldade em conseguir aumento salarial
Desinteresse dos patrões em investirem em cursos de aperfeiçoamento profissional.
Retirado do site Uol: www.uol.com.br
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