Por que é tão difícil dar ordens na própria casa?

A pergunta que não quer calar nos cursos de Administração e Gestão Doméstica: como podemos nós, donas de casa, não conseguirmos dar ordens para as funcionárias em nossa própria casa? Ou como é possível que a gente não consiga fazer com que nossas ordens sejam cumpridas?

Em todos os cursos, as alunas comentam que, no ambiente de trabalho, as solicitações são repassadas e cumpridas. Em casa, não. Ou elas não conseguem pedir, por exemplo, para que a comida seja feita com mais tempero e nem dizer para a funcionária que a comida pode melhorar, ou, às vezes, não conseguem sequer exigir que a funcionária cumpra o horário de trabalho combinado entre as duas no momento da contratação. Por que isso acontece?

A resposta que costumo dar é simples, mas complexa ao mesmo tempo: porque nossas funcionárias trabalham em nossa casa e não no nosso escritório. O que tenho observado é que o ambiente acaba afetando a relação que a gente acaba construindo com nossas ajudantes. Em casa, talvez seja mais difícil ser tão rígida quanto no trabalho, porque a casa é nosso lar, nosso refúgio. Não é um ambiente profissional. Colocamos dentro de casa pessoas em quem queremos confiar e acabamos estreitando a relação para que a convivência fique mais agradável. Com isso, acabamos deixando os limites de tolerância mais largos. E vai ficando difícil impor algumas regras da casa, onde se pode ou não mexer…

Mesmo sabendo disso, é importante criar regras na própria casa. Aliás, isso é essencial para que os funcionários possam exercer bem suas atividades, sem confundir o público com o privado. Você certamente conhece alguém que demitiu a funcionária simplesmente por não conseguir explicar como queria que fosse executado o trabalho. Chegar a esse ponto é verdadeiramente uma pena, pois muitas vezes acabamos demitindo uma boa profissional simplesmente porque ficamos íntimas demais dela e, por isso, perdemos autoridade.

Se está às voltas com uma questão delicada com quem trabalha para você, sugiro ter uma conversa franca com ela e explicar delicadamente tudo o que a incomoda, o que acredita poder melhorar e como quer que as coisas sejam feitas. Diga a ela, honestamente, que não quer perdê-la e, por isso precisa da ajuda dela para as mudanças. E se ela não topar? Chegou a hora de você rumar para uma nova experiência, com uma nova funcionária. Já tive que fazer isto e o investimento de energia no processo é alto, mas valeu a pena! Certamente vai valer para você também.

Texto: Ingrid Lisboa - It mãe